3 de abril de 2011

Estava cego, agora te enxergo! Te cativarei!

Meus caros amigos e amigas, sei que este depoimento pode ser grande, mas tem um belo sentido (podem desconfiar, "eu que escrevi né - rsrsrs). Mas se vocês se sentirem motivados a perceber que nunca estamos sozinhos, mas, que precisamos ser sensíveis para perceber a presença de quem está ao nosso lado leiam, somente isso posso vos pedir.


Ontem (sábado) pela manhã, acordei querendo falar com um amigo, e no ponto de ônibus meu dedo apertava a tecla de rolagem do celular a procura de alguém pra dizer um "oi", "bom-dia", "como estás?", "só liguei pra dizer que estava com saudades" ou "relembrar um bom fato", porém, a única que coisa que ouvia do outro lado da linha era um "tu...tu...tu" que me levava ao vazio do silêncio. Em cada "tu...tu...tu..." brotava a expectativa de uma resposta, mas, ao mesmo tempo cada "tu" que passava/ouvia era como se eu caísse num poço escuro e que cada "tu" fosse um pedido meu de socorro, tipo assim: "atende pô, tô caindo". Mas minhas tentavivas forão vãs, dentre as mais intermináveis pessoas adicionadas em minha lista telefônica no celular, acabei sozinho... mas ai eu e você se enganamos. Por quê?

Quando cansei de tentar, e coloquei o celular no bolso, um senhor bem de idade sentou-se ao meu lado no ponto de ônibus. E me comprimentou e começou do nada a conversar comigo, eu... entrei no embalo, mas sinceramente (veja minha mediocridade e pequenez), não me interessei muito em conversar com aquele senhor, fiz algumas perguntas socias, tipo: quando tempo mora aqui, ou, no que trabalhou, etc. Mas grande foi minha supresa quando ele começou a partilhar a sua vida, sem eu mesmo perguntar nada - o que fiz?, o ouvi, era a única coisa mais gentil que eu poderia fazer, pra quem me conhece, sabe que eu não daria as costas -, mas enfim, depois que ele contou sua história, perguntou-me da minha, mas eu agi diferente, apresentei-me socialmente, mas percebi que ele queria ir mais profundo na minha história. Entretanto, não queria me abrir. Mas falei poucas coisas, entretanto, no pouco que disse, para aquele senhor fluiu um bom e apreceativo diálogo, mas nossa conversa foi encerrada quando o ônibus chegou e ele se despediu dizendo: "nóis se topa por ai!" - pensei que ele sentou-se ali pra esperar o ônibus, mas caiu a ficha e entendi que ele sentou-se ali pra ser companhia, ser um amigo que me atendeu, não na linha do celular, mas na linha do coração, e não me deixou no silêncio da espera, mas foi de cara falando aos meus olhos, como fui insensível e desprezível...

Mas ainda não foi o fim, e ao entrar no ônibus enxerguei duas possibilidades (mas eu estava cego): um rapaz que lia atentamente um livro e uma moça (senhora por respeito, pois tinha seus compromissos diante de Deus) que olhava pela janela - pensei que queria conversar e se sentasse no banco do rapaz atrapalharia sua leitura, então sentei no banco com moça. A princípio, o silêncio reinou, mas depois, tentei quebrar o gelo e foi bom. Tivemos uma conversa muito satisfatória - mas uma coisa eu confesso: vi nela algo que aquele senhor na sua simplicidade não poderia me dar, como fui tolo! -. Eu e ela conversamos bem, ela me disse sua história e eu omiti a minha (quando falo história, quero dizer meus sentimentos na minha vida - como disse St. Agostinho: "se queres conhecer alguém, não pergunte quem és, mas o que amas"). Mas sei que falei mais com ela sobre mim, do que com aquele pobre, mas grandioso senhor que se dispôs a parar e comigo conversar sem mesmo saber quem eu era. Por fim, aprendi uma coisa com esta moça também, pois, não fui sensível de início com o velhinho, mas o tapa na cara que a vida me deu depois que eu entrei no ônibus, me fez "abrir um pouquinho os olhos": ela me abriu definitivamente os olhos. Como? Quando falou do seu irmão, e que tudo o que ele passou e conseguiu superar foi no entender dele: "pura sorte". Ele não aceitava a intervenção divina, somente que tudo era um jogo de sorte. E ela me mostrou que a persistência (fé) dela ajudou muito o seu irmão, mesmo ele não reconhecendo o esforço dela e a bondade de Deus em sua vida. Mas disse a ela: dê tempo ao tempo, temos que tentar, mas temos que saber esperar também. E que nesta espera, ele ainda não, mas ela havia experimentado o que muitos buscam: sentir Deus presente em sua história.


Enfim, quantas vezes nós não enxergamos o amor agindo e nascendo do nosso lado. Preferimos depositar nossa vida nas frágeis e pequenas mãos da sorte. Lembro-me da seguinte narração do Pequeno Prícipe (leiam este livro com o coração) no capítulo XXI:


"- A gente só conhece bem as coisas que cativou - disse a raposa. - Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!

- Que é preciso fazer? - perguntou o pequeno príncipe.

- É preciso ser paciente - respondeu a raposa..."


Leiam este livro, vale a pena! Esquecemos quem somos, este livro te fará experimentar algo que desejas.

2 comentários:

D.Emanuel OSB disse...

Quantas vezes Deus tem colocado anjos ao nosso lado para nos consolar, nos orientar e nos proteger...hoje em dia não temos muito a sensibilidade de perceber as delicadezas de Deus em nossa vida, momentos em que ele se mostra usando os mais variados canais e meios, não nos custa olha ao redor quando nos encontramos em algum lugar, no seu caso nesse ponto de ônibus, e perceber que também as pessoas estão a espera desse "anjo" em sua vida. Parabens pela reflexão sobre o enxergar e cativar, ajuda a abrir nosso olhos, acho maravilhoso o cumprimento dos habitantes de um planeta no filme Avatar "eu te vejo" queira Deus que sejamos capazes de ver o outro e de ser visto, cativar e ser cativado....abraço Franciscarlo.

Franciscarlo de Souza disse...

Obrigado, meu caro amigo, realmente é preciso que deixemos nossos olhos do coração, isto é, a sensibilidade ver aquilo que por si só, os olhos carnais não enxergam - "o essencial é invisível aos olhos, disse o pequeno príncipe".