21 de março de 2011

O amor não acaba, transfoma-se!

Sempre estaremos em contato com o amor. Não podemos fugir dele. Simplesmente porque ele está em nossa essência, dentro de cada um de nós, no interior de nosso coração. Minha avó diz que somente duas coisas na vida podem ser partilhadas e que nunca irão dimunir por serem partilhadas: o conhecimento e o amor. Assim, devemos partilhar aquilo que possuimos de melhor, ou seja, o amor e a sabedoria, mesmo que ambos pequenos. A partir do momento que eu, você, nós partilhamos nosso amor, estaremos dando a chance do outro também dar aquilo que ele (a) tem de si, e assim, não com esse interesse, mas por consequência, o meu e o seu amor aumentaram.


Dentro de alguns conhecimentos filosóficos e religiosos existem três expressões para manifestar formas de amar diferentes: eros, filia, ágape. O primeiro, eros, faz jus ao amor pelas coisas mundanas, as coisas superficiais. O segundo, filia, refere-se ao amor filial, do qual a mãe tem pelo seu filho, este é um amor que cuida, zela e ensina e o último é o ágape, este expressa a totalidade do amor, é o amor incodicional, que ama sem desejar nadinha em troca, está relacionado com o amor que Deus possue por nós, mas que nós em nossa pequenez diante de Deus podemos quem sabe conseguir, caso esforçarmo-nos para isso. Outra linha que expressa de certa forma um ou três modos de amar, encontra-se no pensamento de Kierkegaard. Este filosofo expõe que todo ser humano deve passar por três etapas em sua vida, em especial, relaciono essas etapas com o amor. A primeira etapa é referente ao amor estético, neste tipo de amor, todo ser humano se preocupa com a imagem própria e dos outros - vive-se no amor estético um amor só pelas aparências. Na segunda etapa temos o amor ético, neste modelo de amor, todo homem e mulher que conseguir chegar nesta etapa evoluiu, saltou para um ponto importante de sua vida - aqui o amor é marcado pela responsabilidade, pelo cumprimento das coisas referentes ao bem de todos e não mais só minhas. Por último, temos o amor religioso, nesta nova e última etapa vivemos o amor incondicional, um amor que nos tira de nosso egoísmo, que nos livra de todos os nossos mais fortes apegos - para esta etapa, Kierkigaard, usa da imagem biblica do sacrifício de Isaac, o único filho de Abraão, do qual ele mesmo terá que sacrificar seu filho em amor a Deus (Gn 22,1-18). Enfim, este amor representa a questão da fidelidade, da incondicionalidade, ou seja, no amor religioso tenho o outro como ponto importante em minha vida, mas não mais importante que Deus e sua vontade.


O que quero dizer-lhes com isso?


Quero refletir com vocês que o amor conforme o tempo evolui, amadurece, toma outros tipos de elementos. Um dia um casal (com 68 anos de matrimonio) que eu conhecia e que eu possuia certa intimidade, num momento oportuno perguntei aos dois como eles fizeram para ser perseverantes no amor um para com o outro?. Os dois se olharam e sorrirão suave e encantadoramente e logo em seguida em disseram: "meu caro amigo não podemos dizer que eu e ela possuimos aquele mesmo amor que tinhamos quando nos conhecemos e casamos. Durante toda nossa vida juntos passamos por más e boas experiências, entretanto, mesmo pensando que as vezes nosso amor havia acabado, sentamos olhamos um para o outro e conversamos sobre o que estavamos pensando e sentindo. Após cada conversa - e quantas conversas, disse-me ele rindo - percebiamos que nosso amor não estava diminuindo, mas sim evoluindo. Quando ela e eu nos conhecemos nos tornamos bons amigos, havia um amor amigo, depois um dia numa situação engraçada que a vida nos proporcionou, nos olhamos nos olhos e tanto eu como ela enxergamos a alma um do outro, e ali aconteceu o primeiro beijo. Depois não ficamos juntos, mas sim, distantes - naquela época tinha muito respeito - mas aquele beijo nunca perdeu o gosto e o calor em mim e nem nela, esse foi o amor distante e saudoso. Percebemos depois de um ano que nos amavamos e que precisavamos nos unir, fui até a família dela e pedi ela em namoro, iniciou-se a partir dai um amor romântico, mas nada de paixão, pois a paixão não nos dá certeza do futuro, e eu e ela sabiamos que um era a tampa da panela do outro. Depois que casamos nosso amor trnsformou-se num amor respeitoso, sabiamos o dia que tinhamos que ter nossa intimidade e depois que tivemos nossos filhos, nosso amor tornou-se um amor paternal e maternal, isso significa que não nos preocupavamos mais conosco, mas sim com o futuro de nossos filhos. Depois passamos por grandes dificuldades financeiras e familiares, neste tempo pensei que não mais amava ela, pois passamos tanto tempo ocupados com a educação de nossos filhos que esquecemos de viver nossa vida de casal, mas angustiado com tal sentimento em mim e por me sentir um inutil por não conseguir por nada dentro de casa, conversei com ela e propus que ela fosse embora morar com sua família, pois lá ela teria algo melhor e que eu não podia dar, mas ela me olhou nos olhos e disse-me: 'eu te amo por você se preocupar comigo com está se preocupado agora querendo meu bem', havia em nós um amor capaz de dar a vida para que o outro vivesse, dar a vida mesmo, um amor de renúncias. Depois que nossos filhos se casaram e "foram embora", nos vimos sozinhos e que precisamos recomeçar nosso casamento com mais força, pois novamente o tempo nos colocou como estranhos diante um do outro, mas ela veio a mim e como naquele primeiro dia em que nos beijamos, senti que poderiamos tentar. E neste dia percebemos que nosso amor já não era o mesmo de quaenta anos atrás, mas era um amor de cumplicidade, companheirismo - e ela me lembrou do que juramos no altar no dia de nosso casamento: 'prometo-te ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza... ...por todos os dias de nossa vida, até que a morte nos separe'. Estava diante de mim não mais uma mulher apenas amiga, mas totalmente confidente, que conhecia todos os meus limites e gostos e que eu também a conhecia. Depois disso, aqui estamos. Sendo um para o outro como a chuva é para a terra quando há semente para nascer. Nosso casamento é como um jardim: plantamos nele a semente do amor e a viemos cultivando até o hoje e quando for preciso, tivemos muitas ervas-daninnhas, mas juntos carpinamos e não deixamos o mato cobrir a pequena e frágil plantinha que era o nosso amor. E este amor veio crescendo como uma roseira, tinha seus espinhos, mas tinha suas flores também. Precisamos fazer algumas podas, mas tudo o que fizemos foi para que esta roseira que é nosso amor nunca deixasse de dar rosas. Também nunca esquecemos de irrigar e adubar nosso casamento com orações para que Deus nos desse força e sabedoria, enfim, cuidamos um do outro sempre tendo o diálogo como enxada para afofar a terra e assim conseguirmos ter um solo fértil para que nosso amor nunca se transformasse em ESQUECIMENTO, um amor esquecido no dia do casamento. É isso que nós temos pra te dizer Franciscarlo sobre nosso casamento, disse-me ele olhando docemente para sua companheira, cumplice, amor".


Assim, vos digo, sem precisar dizer mais nada: O amor se transforma, mas nunca acaba. Fica adormecido, mas nunca morre!

2 comentários:

Priscila disse...

Que história linda *-*
É tão bom saber que ainda existem histórias de amor tão verdadeiras... como esta.
"O amor se transforma, mas nunca acaba. Fica adormecido, mas nunca morre!"

Franciscarlo de Souza disse...

Entretanto, minha cara AMIGA, precisamos ter o doloroso e profundo discernimento de que se o que sentimos realmente é amor. Veja que a história desse casal amigo meu foi um processo de diálogo e conclusões de ambas as partes. Uma dúvida que tenho é que se realmente existe amor somente em uma das partes (pessoas), pois, pode ser só paixão. Até queria escrever algo sobre isso, mas num sei se consigo.

Abraços do seu AMIGO!!!